O tio Victor vivia no quarto verde, e tinha debaixo da cama uma mala de madeira fechada com um cadeado. Ouvi dizer muitas vezes que ele era nervoso e enfezado, porque foi o fim do tacho… o rapar do tacho. Além disso teve tuberculose e lá em casa os irmãos a mãe e até o pai tinham para com ele uma benevolência condescendente. O rapaz gostava de noitadas, e dormia de dia. A tosse seca e persistente não o largava.
Ouvi uma vez o avô dizer á avó que tinha que se arranjar algo para ele fazer; – mas o quê? – respondeu-lhe ela. O rapaz é fraco. Ele é mas é um grande calão, respondeu-lhe ele.
O tio Victor tinha sempre dinheiro. Quem lho dava era a avó sem o avô saber e o avô também lhe dava uma semanada que ele ganhava e perdia ao jogo.