A lenda do Senhor Jesus de Alvôr

Conta a lenda que os  pescadores, estando na faina, viram ao longe um vulto que se dirigia rapidamente para a praia.

Curiosos aproximaram os seus barcos para ver o que seria e depararam-se com um caixão.

Receosos os pescadores acompanharam-no até que o caixão encalhou na praia.

Atónitos e surpreendidos, os pescadores correram à povoação, contando às suas gentes o que tinha acontecido.

Toda a povoação de Alvôr se deslocou até à praia para verem o achado.

Ao abrirem o caixão viram dentro a imagem do Senhor Jesus.

Todos se ajoelharam.

Decidiram levar para a igreja a imagem, mas como era enorme e pesada foi preciso uma junta de bois para a transportar.

No caixão com letras gravadas a ouro dizia: – Senhor Jesus… Praias de Alvôr.

Para as  gentes de Alvôr, não havia dúvida que aquilo fora uma dádiva dos céus.

Segundo a lenda, o Senhor Jesus de Alvôr fez logo grandes milagres,  livrando de morte certa os pescadores que no mar se debatiam com grandes tempestades.

O caixão

Todos os brinquedos estavam no meu quarto, menos a Zázá que continuava a viver no quarto azul. Sempre que eu queria brincar com ela tinha que pedir a alguém que me abrisse a porta para eu poder brincar.

Num desses dias, abriram-me a porta e deixaram-me ficar lá sozinha.

A minha atenção foi atraída para uma enorme caixa de bombons com uma pintura muito bonita na tampa. Julguei ter descoberto o porquê daquela porta estar sempre fechada, mas não.

A caixa de bombons estava cheia de fotografias e eu sentada no chão ali estive entretida a vê-las uma a uma.

Numa das fotografias estava deitada dentro de um caixão, uma senhora alta e magrinha,vestida de preto, mas com um lenço branco que lhe apertava os maxilares.

A avó estava na cozinha a fazer o almoço, quando eu apareci com ar comprometido. Escondida atrás das costas estava a fotografia.
– O que foi menina?
– Já não queres brincar mais?
– O que é isto avó?
– Aiii… Aiii…. Jesus Senhor, que criança atrevida! – Quem lhe manda mexer onde não é chamada.

A avó limpou as mãos ao avental, sentou-se e pegando na fotografia disse:
– Meu Deus, tantos anos já passaram.
– Esta senhora era a tua bisavó, mãe do teu avô.