O meu avô avaliava as mulheres como se de peixe se tratasse.
Eu era a Pescadinha; uma mulher feia e metediça era uma ” Uge” (raia gigante com ferrão na ponta do rabo); uma mulher muito bem feita, era “Pescada do Alto”; Uma mulher com boca grande era “uma boca de Charroco” e com olhos grandes era uma “Boga”. Havia ainda “a Cavalona” que era uma mulher atiradiça.
Mas a personificação da mulher perfeita era a sardinha, que se queria pequenina e saltitante.
Maria Isabel era uma rapariguinha loira, com olhos cor do mar em dia de sol. Baixinha e muito remexida, era a filha mais nova do Senhor Costa.
Foi amor à primeira vista, ela parecia uma sardinhita prateada.
– Queres casar comigo Maria?
Casou com ela, e deixou-a grávida, a viver na casa da mãe.
Chegado a Lisboa, arrendou uma casa na rua das Hortas, no número dezoito, em Pedrouços, perto da doca com vista para a Torre de Belém.
Foi nessa casa Que nasceu Susana, a primeira filha do casal. A tia “Xana”.