Foge Maria !!! Foge !!!

Estávamos na sala de entrada. Ali ouvíamos telefonia, conversávamos e faziam-se pequenas refeições.

De repente o meu avô pediu à minha avó que lhe fosse buscar os cigarros ao bolso do casaco;
 
– Onde deixaste o casaco?
– Está no nosso quarto no cabide.

Ela hesitou.
 
– Vai lá Maria… vai.

O corredor da sala ao quarto media oito metros e ela conforme avançava ia acendendo as luzes.
Quando acendeu a luz do quarto, o relógio começou a bater as badaladas da meia noite.
 
– Foge Maria!!! Foge!!!
– Olha o padre!!! ele vem atrás de ti!!!

E ela fugiu… Espavorida, tinha um medo terrível daquele quarto.

A Casa

A casa tinha custado oitenta mil réis por volta dos anos quarenta. Tinha quinze assoalhadas, um sótão que acompanhava a casa toda e uma cave.

Na cave, duas fileiras de arcadas com um pé alto enorme, sustinham toda a moradia.

A fachada estava pintada de azul, e as janelas debruadas, estavam pintadas de branco.  No lado esquerdo um pequeno portão dava acesso a um corredor forrado a pedras de calçada. Era nesse corredor, resguardada de olhares, que existia a imponente porta principal. Tinha também um jardim que dava para a segunda entrada da moradia.

O preço foi muito barato. Ninguém a queria e as pessoas mais antigas, quando passavam por ela benziam-se.

A casa pertencera ao padre da aldeia, que constava, se teria enforcado num dos quartos principais. Era o quarto branco que o avô escolheu como quarto do casal.