As rajadas de vento uivavam por entre os mastros dos barcos. Os relâmpagos e a chuva fustigavam tudo à sua volta, que o tempo era de vendaval.
À cinco dias que os barcos não saíam para a pesca. As lotas não tinham peixe e os homens desesperavam.
Apenas quatro homens compareceram ao chamado do meu avô.
– Qué do Chalica?
– Não veio, diz que não vai para o mar com este tempo, tem filhos para criar.
– Vai buscar o Américo, vamos sair mesmo assim. De madrugada isto levanta.
A viagem foi terrivel, tocada a chuva e vento, e onde a fúria das vagas a cada investida, pareciam quebrar a quilha da pequena embarcação.
Chegados a Sesimbra, não havia condições para a pesca, por isso fundearam na praia.
Ás três da manhã a tempestade amainou.
– Acordem!!! cambada de calões; – Toca a trabalhar. Vamos pescar para o largo.
Estavam lá na hora certa, na hora em que um descontraído cardume de carapaus, resolveu explorar as redes do “Marcelina da Costa”.
Foram os únicos na lota, e o peixe valeu cinco vezes mais.
Viva o Mestre Zé, o homem que matou o vendaval.