Todos os brinquedos estavam no meu quarto, menos a Zázá que continuava a viver no quarto azul. Sempre que eu queria brincar com ela tinha que pedir a alguém que me abrisse a porta para eu poder brincar.
Num desses dias, abriram-me a porta e deixaram-me ficar lá sozinha.
A minha atenção foi atraída para uma enorme caixa de bombons com uma pintura muito bonita na tampa. Julguei ter descoberto o porquê daquela porta estar sempre fechada, mas não.
A caixa de bombons estava cheia de fotografias e eu sentada no chão ali estive entretida a vê-las uma a uma.
Numa das fotografias estava deitada dentro de um caixão, uma senhora alta e magrinha,vestida de preto, mas com um lenço branco que lhe apertava os maxilares.
A avó estava na cozinha a fazer o almoço, quando eu apareci com ar comprometido. Escondida atrás das costas estava a fotografia.
– O que foi menina?
– Já não queres brincar mais?
– O que é isto avó?
– Aiii… Aiii…. Jesus Senhor, que criança atrevida! – Quem lhe manda mexer onde não é chamada.
A avó limpou as mãos ao avental, sentou-se e pegando na fotografia disse:
– Meu Deus, tantos anos já passaram.
– Esta senhora era a tua bisavó, mãe do teu avô.