A entrada principal

A entrada principal tinha uma larga porta em carvalho, rendilhada com vitrais, representando a “anunciação do anjo a Maria”.

Quando se abria a pesada porta, dois degraus de granito, subiam para um Hall com chão de mármore rosa e preto. Uma segunda porta, trabalhada em vitrais, isolava o Hall do resto da residência.

À tarde, quando o sol batia nos vitrais, eu gostava de me sentar ali, a pensar no que aquelas figuras representavam.

Porque seria que uma porta tão bela não estava à vista de toda a gente?

A Casa

A casa tinha custado oitenta mil réis por volta dos anos quarenta. Tinha quinze assoalhadas, um sótão que acompanhava a casa toda e uma cave.

Na cave, duas fileiras de arcadas com um pé alto enorme, sustinham toda a moradia.

A fachada estava pintada de azul, e as janelas debruadas, estavam pintadas de branco.  No lado esquerdo um pequeno portão dava acesso a um corredor forrado a pedras de calçada. Era nesse corredor, resguardada de olhares, que existia a imponente porta principal. Tinha também um jardim que dava para a segunda entrada da moradia.

O preço foi muito barato. Ninguém a queria e as pessoas mais antigas, quando passavam por ela benziam-se.

A casa pertencera ao padre da aldeia, que constava, se teria enforcado num dos quartos principais. Era o quarto branco que o avô escolheu como quarto do casal.