Igreja de Alvôr ” A promessa “

Cruz com a imagem de Jesus Cristo
Como sabem, o meu avô era natural de Alvôr, ver ( ” O Salto ” 09/Mai/2o12 ).

Quando chegávamos ao Algarve, ficávamos em Portimão, que era um porto de pesca com lota, mas tirávamos sempre um ou dois dias para irmos até Alvôr.

Numa dessas viagens, devia eu ter sete anos, o meu avô pediu-me que o acompanha-se até à Igreja de Alvôr.

Qual não foi o meu espanto, quando ele me convidou a ajudá-lo a encher de velas acesas o altar do Senhor Jesus de Alvôr.

O espanto era legítimo uma vez que o meu avô era um homem ateu.

Minha avó ao contrário, era extremamente religiosa e ele tentava constantemente contrariar os conhecimentos  que ela me tentava transmitir.

Posto isto perguntei-lhe:

Então o Avô que está constantemente a gozar com a Avó quando ela me ensina algo sobre religião, vem ao altar do Senhor Jesus, enche-o de velas, e quer que eu o ajude a acende-las?

Não o compreendo!!!

Está bem… ajuda-me a acender as velas que eu já te conto a história.

 

 

 

 

A lenda do Senhor Jesus de Alvôr

Conta a lenda que os  pescadores, estando na faina, viram ao longe um vulto que se dirigia rapidamente para a praia.

Curiosos aproximaram os seus barcos para ver o que seria e depararam-se com um caixão.

Receosos os pescadores acompanharam-no até que o caixão encalhou na praia.

Atónitos e surpreendidos, os pescadores correram à povoação, contando às suas gentes o que tinha acontecido.

Toda a povoação de Alvôr se deslocou até à praia para verem o achado.

Ao abrirem o caixão viram dentro a imagem do Senhor Jesus.

Todos se ajoelharam.

Decidiram levar para a igreja a imagem, mas como era enorme e pesada foi preciso uma junta de bois para a transportar.

No caixão com letras gravadas a ouro dizia: – Senhor Jesus… Praias de Alvôr.

Para as  gentes de Alvôr, não havia dúvida que aquilo fora uma dádiva dos céus.

Segundo a lenda, o Senhor Jesus de Alvôr fez logo grandes milagres,  livrando de morte certa os pescadores que no mar se debatiam com grandes tempestades.

O “Salto”

Foi daqui do sítio de Alvôr, no Algarve, que o meu avô partiu para Lisboa.

Em Alvôr deixou a mãe e a pobreza.

Não se passava fome, por que quem vive com o mar a beijar-lhe os pés tem sempre algo para comer. Mas na altura Alvôr era uma terra sem futuro. Havia o mar e a pobreza, muita pobreza.

Tinha treze anos, quando veio para Lisboa num barco de pesca. Só voltou aos dezoito anos para rever a mãe, que encontrou muito debilitada. Com o dinheiro amealhado comprou-lhe a casa onde vivia e deixou dinheiro na venda do Senhor Costa para que nada lhe faltasse.