As Consequências

A muito custo, porque os limos o faziam escorregar, o senhor guarda lá conseguiu sair do chafariz. Puxou da pistola e disparou para o ar dois tiros.
A esquadra era ali bem perto, colegas vieram rapidamente em seu auxilio e deram voz de prisão ao meu pai.

Estávamos em 1938 e os actos praticados eram considerados muito graves. Rasgar uma farda, e pôr um senhor guarda de molho, era caso para um anito de prisão efectiva.

Os amigos foram-se chegando e explicavam que o Zé era um bom rapaz que não fazia mal a ninguém, que aquilo foi um copito a mais.
Entretanto avisaram o meu avô que só se deslocou à esquadra no dia seguinte para falar com o chefe, de quem era conhecido.

O guarda nunca desistiu da queixa, mas durante sete anos, que foi o tempo da extinção do processo, comeu todos os dias o melhor peixinho fresco da sua vida.

Durante muito tempo os amigos quando o viam gritavam-lhe:

Óh Zé Ganço… vai dar banho ao policia.

2 responses to “As Consequências

  1. Caro amigo M, estou a gostar! hoje tive a curiosidade de ver e ler todas as publicações e agora estou a seguir… com muito interesse! gosto de histórias antigas e pormenores.Um abraço

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